Andava às voltas no topo de si mesmo e do monte.Trepara a encosta como em pequeno trepava às árvores:para ver melhor.Vivia tão longe da água que tinha a boca seca. Agora andava às voltas cheio de sede a esgotar-se, a suar: -Porque não paras?, perguntar-lhe-ia, se pudesse entrar neste poema. Não havia nada no cimo de si nem do monte- apenas o azul e algumas aves que respiram mais alto. A cidade ficava a meio caminho entre o céu e a terra(o céu lá para cima, ainda depois do monte,a terra cá para baixo, um pouco antes da sede). Ele andava às voltas com a vida: atirava-lhe pedras, gritava (se ao menos a chuva! se ao menos a chuva!) como quem não encontra.
Só mais tarde entendi o que procurava - um mar.
Filipa Leal