segunda-feira, 12 de agosto de 2024

silenciosamente




Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
 Eu fiquei sentado na soleira da porta à espera 
da cura. Brincava ocasionalmente com o fogo, 
porque era a tua voz que me trazia o outono, 
era a fuligem nas tuas mãos que me ensinava
 a hermenêutica dos dilúvios e a mecânica 
da extinção das espécies. 

 Eu fiquei incendiado 
em compartimentos sem atributos térmicos, 
manuseando de um modo temerário coisas 
como dogmas ou outros objectos teosóficos. 

 Mas nunca mais regressaste a casa e eu aprendi
 a soletrar silenciosamente o teu regresso. 






 José Rui Teixeira
 (Foto de Ezgi Polat)

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

domingo, 4 de agosto de 2024

recados escritos à pressa


 

Vem, antes que os meus olhos só vejam o que tu não vês,
 e as minhas mãos já não toquem o que tu tocaste
e a tua boca se canse de procurar o que de ti ainda possuo, 
 e do teu nome não reste mais que uma metade do meu 





 Al Berto