segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Hoje


Assim é a minha vida
Hoje, só os desertos me conhecem.
Nada mais

Jose Agostinho Baptista

domingo, 28 de novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

Diz-me


São os dedos que tocam as flores,
ou são estas que delicadamente pedem às mãos um gesto de caricia ?




Albano Martins

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Perguntas


O que magoa mais na solidão?
a ausência (do outro)
ou a (nossa) presença?

Pedro Jordão

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Abandono

E abandonaste-me .
Num deserto que não conhecia.
Com uma casa inteira para percorrer com os meus passos por dentro da noite.
Ou fui eu quem te abandonou?



Casimiro de Brito

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Onde estou


Alguém procura onde eu estou só, e encontra
o campo desbaratado
e branco da sua solidão.




Herberto Helder

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nada me pertenceu



Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo, das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo.
O meu coração, contudo, sempre te pertenceu
E a mão desesperada que o procura não sente bater longe do teu peito




Maria do Rosário Pedreira

sábado, 20 de novembro de 2010

Não deixes

Não deixes que o meu rosto se dissolva nas tuas mãos,
insiste no meu nome até que o mar ascenda à tua boca.





Vasco Gato

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Noites Assim

Despe-me
ou deixa que eu me dispa
e depois veste-me
pouco a pouco
de carícias

Luís Ene

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Por vezes


Algumas portas fecham-se ao mesmo tempo que se fecham os corações.
Alguns ficam entalados.





Pedro Jordão

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Poema por ti


No espaço do meu corpo há um cheiro de maça verde
e eu habituei-me a esperar-te inteira
à beira do tempo enquanto as esquinas se dobram de espanto
Tu és a certeza nesta viagem pelo amanhecer tranquilo
em que a madrugada se despe das palavras quietas que cheiram a ti
Eu sou a incerteza da partida que sabe a desejo

Antonio Sem

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sinal vermelho


É sempre a mesma curva cega, neste troço de pedra lascada,
não há como escapar às primeiras chuvas
ao piso escorregadio dos olhos,
despiste, falésia mortal,
o coração não entende sinais vermelhos





Renata Correia Botelho

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dias Assim

Se me esfolassem agora
encontrariam o teu nome
colado num dos meus ossos

De mim, continuariam a nada entender





Manuel Cintra

sábado, 13 de novembro de 2010

Gotas de colírio



...E de poemas

Os teus lábios parados eram a noite, o abismo e o silêncio das ondas paradas de encontro às rochas. O teu rosto dentro das minhas mãos. Os meus dedos sobre os teus lábios e a ternura, como o horizonte, debaixo dos meus dedos. Os meus lábios a aproximarem-se dos teus lábios, a aproximarem-se dos teus lábios, a aproximarem-se dos meus lábios... teus lábios.

José Luís Peixoto

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Rouba-me



tira-me daqui.
leva-me a ver algo que não exista e não me devolvas.
rouba-me com loucura e sem pensar em mais nada









Valter Hugo Mãe

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Noites Assim



É à noite que o silêncio me grita a tua ausência
e o coração galopa imagens de ti
tão perto
tão longe







António Cardoso Pires


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sou

Sou a tua fala, a tua língua, o teu silêncio







Eduarda Chiote

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sabes


sabes que o amor é feito de coisas bonitas que se dizem, coisas inventadas que te soam verdes de esperança, disfarces intencionais que te levam a crer em mim. não acredito no amor tolinho de quem é sincero, sou tão entregue à consciência pura do domínio que farei de cada coisa que te diga uma forma de te prender. e tu hás-de

rastejar por mim até ao fim dos tempos, para

me dares prazer, para me assistires, e eu nunca te substituirei, será essa a minha forma de te amar, será esse o meu garantido respeito




Valter Hugo Mãe

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Espelho meu

Olho-me nos teus olhos.
Não tem fundo a pura madrugada em que me afogo.
Na minha cama desfeita ainda o (teu) calor se deita

António Arnaut