Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
domingo, 26 de novembro de 2017
Continua a voltar frequentemente e a tomar-me,
Sensação amada continua a voltar e a tomar-me,
Quando acorda a memória do corpo,
E desejo antigo volta a passar no sangue;
Quando os lábios e a pele se lembram,
E sentem as mãos como se tocassem de novo.
Continua a voltar frequentemente e a tomar-me à noite,
Quando os lábios e a pele se lembram
Konstandinos Kavafis
sábado, 25 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Hoje todas as sílabas da noite são o teu nome. Todas as lâmpadas
acesas revelam o teu corpo. Todos os silêncios são um telefone que
não toca. E a boca nos teus cabelos, e a mão delineando o rosto --- a
língua que acende a pálpebra, a água da pele diluindo as horas. O
calor da respiração ateando o lume da ausência. As ruas vazias.
Al Berto
(Foto de Cristina Coral)
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
uma saudade sem recomeços
Tudo entre nós foi dito
Estamos cansados e tristes
neste Outono de folhas pairando
e caindo.
Entre nós as palavras colocam um mundo
de silêncio e vazio estéril.
Os próprios sonhos se encheram de neblinas
e o tempo os amarelece.
Outono de cismo, de folhas secas
e bancos abandonados de cimento frio
Onde não cantam aves
e o vento desce em brandos rodopios.
Apenas uma vaga angústia presente,
uma saudade sem recomeços,
a lembrança, tépida a gelar como
veios de mármore.
Tudo entre nós foi dito,
olhamos o apodrecer do parque,
o vento, o repicar leve das folhas
e sem ressentimentos dizemos adeus.
Rui Knopfli
(Foto de Natalia Drepina)
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
domingo, 5 de novembro de 2017
melancolias
Foto de Sónia Silva
O Outono vem vindo, chegam melancolias,
cavam fundo no corpo,
instalam-se nas fendas; às vezes
por aí ficam com a chuva
apodrecendo;
ou então deixam marcas, as putas,
difíceis de apagar, de tão negras,
duras.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
fogo posto
Mais do que terra, momentos
houve em que quis deitar para a fornalha
o coração e as outras coisas todas
para as quais não encontro nomes rigorosos
José Ricardo Nunes
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
nuvens
Foto de Lurdes Júdice
É tão bom ser nuvem,
ter um corpo leve,
e passar, passar.
Leva-me contigo.
Quero ver Granada.
Quero ver o mar.
Granada é longe,
o mar é distante,
não podes voar.
Para que te serve
ser nuvem, se não
me podes levar?
Serve para te ver.
E passar, passar
Eugénio de Andrade
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