Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Dedicatória
A literatura separou-nos: tudo o que soube de ti
aprendi-o nos livros
e ao que faltava,
eu pus-lhe palavras.
Cristina Peri Rossi
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
mas se a noite vier
cheia de luzes ilegíveis de véus
de relógios parados - ergue as asas
fere o ar que te sufoca e não te mexas
para que eu fique a ver-te estilhaçar
aquilo que penso e já não escrevo - aquilo
que perdeu o nome e se bebe como cicuta
junto ao precipício e à beleza do teu corpo
Al Berto
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
domingo, 16 de outubro de 2016
um lugar sem história na história da minha vida
Queimar tudo. Alugar uma casa num lugar sem história
na história da minha vida, um lugar de postais antigos,
desbotados, e do passado guardar apenas uma urna
de cinzas, no compartimento por baixo do lava-louças.
Ver filmes sem mérito, ler livros sem arte, ouvir óperas
cómicas e inêxitos impopulares e anacrónicos. Tentar,
sem sucesso, pescar, e ir ao mercado comprar peixe
miúdo e roupas com defeitos às ciganas. Ser anónimo
por fora e por dentro, criança que não se conhece
nem quer conhecer e que procura apenas o início
e o fim dum carreiro de formigas, revelação suficiente
para quem ainda não desperdiçou a vida a perscrutar
os gloriosos fundos de um oceano de merda. Beber
pouco. Foder com a moderação que a improbabilidade
do diálogo impõe. Emular os pioneiros americanos,
pecadores em busca de recomeço e horizonte, longe
das catedrais e de si próprios, longe dos quiromantes
e das sibilas e, sobretudo, da inexorável morte do amor.
Miguel Martins (Desvão)
(Foto de Natalia Drepina)
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
não te esqueças de me visitar. traz-me as fotografias de Veneza e aquele poema que me escreveste quando o nosso amor ainda era o que de mais magnífico acontecera nas nossas vidas e no mundo.
havemos de nos sentar nas mesmas cadeiras como se fossem as mesmas manhãs de sábado. havemos de olhar os mesmos telhados, divagar sobre a eternidade dos gestos e jurar comovidamente que as nossas almas se tocaram de uma maneira única e inesquecível.
eu hei-de esconder-te a minha interminável solidão e tu hás-de demonstrar-me, muito inocentemente, nas tuas palavras tão cheias de vida e de juventude, como a morte nos descobre mesmo nos lugares mais altos.
gil t. sousa
(Foto Veneza Abril 2011)
domingo, 9 de outubro de 2016
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
ou à janela no escuro a ouvir a coruja de cabeça vazia até ser difícil acreditar cada vez mais
difícil de acreditar que alguma vez tivesses jurado amor a alguém ou alguém a ti até se tornar
numa daquelas coisas que tu ias inventando para conter o vazio uma daquelas histórias para
impedir que o vazio se viesse embrulhar num lençol
Samuel Beckett
terça-feira, 4 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
domingo, 2 de outubro de 2016
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