as gargantas dos meus poemas estão secas

acabaram os poemas

 a garganta está seca

 suponho que não haja funeral para isto

 nem lágrimas

 nem razão 

 Charles Bukowski

a dança dos erros

Foto de Sonia Silva

Dancei num matadouro, como se o sangue de todos os animais que à minha volta

 pendiam degolados fosse o meu. 

Dancei até que em mim houvesse espaço para um poema de que todas as imagens 

depois fossem desertando 

 Luis Miguel Nava

chego á sexta

um dia a mais ou a menos na alma

Dente por dente: 

a boca no coração do sangue: 

escolher a tempo a nossa morte e amá-la. 

 António José Forte

como se te houvessem, meu amor, feito de argila para as minhas mãos de oleiro

comédia

Vazio. Queixa-se

 de vazio. 

E nisto esvazia o outro

 tão cheio

 disto tudo. 

 Daniel Jonas
 (Foto de Monia Merlo)

natureza morta

sou uma poltrona

 uma grande mesa 

 todos os lugares

 onde repousa 

 o que ficou por dizer

 Mário Rui de Oliveira
 (Foto de Nishe)

diário poema

A poesia continua sempre presente: 

 Ás vezes apenas num verso 

e ultimamente cada vez mais no silêncio

 Jorge de Sousa Braga
(Foto de Ezgi Polat)