Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Poemas perfeitos em noites escuras
Da insónia
Tenho um homem atravessado entre minhas pálpebras.
tenho um homem atravessado na garganta
domingo, 29 de maio de 2011
Coisas do amor
E era uma coisa do amor, isto tudo.
São tão estranhas as coisas do amor que não se compreendem por inteiro.
Tem de se estar sempre a fazer suposições.
Nunca se sabe como e até que ponto e até quando.
Quando se perde tudo pela primeira vez fica-se com o terror de perder todas as vezes.
O primeiro amor dá cabo de nós.
E o último é sempre o primeiro.
Pedro Paixão
sábado, 28 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
Teatro de sombras
Alguém joga xadrez com minha vida, alguém me borda do avesso,
alguém maneja os cordéis.
Alguém me inventa e desinventa como quer: talvez seja esta a minha condição.
Alguém dirige o teatro de sombras no qual fui ré sentenciada.
Finjo entender de tudo: ando de um lado e outro, faço gestos com a mão,
cuspo as sementes do fruto entalado na garganta como um grito:
Alguém aí pode me ouvir?
Ninguém reage, ninguém tenta aplaudir:
Nesse reino todos usam disfarces, menos a solidão.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Um dia
sábado, 14 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Espelho
é dum corpo que falo.
Nunca tive outra pátria,
nem outro espelho,
nem outra casa
Eugénio de Andrade
domingo, 8 de maio de 2011
Perguntas
sábado, 7 de maio de 2011
Gotas de Colírio
quinta-feira, 5 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Pedir demais
terça-feira, 3 de maio de 2011
Silêncios
Caí no silêncio há vários dias. Quero falar-te das horas incandescentes que antecedem a noite e não sei como fazê-lo. Às vezes penso que vou encontrar-te na rua mais improvável, que nos sentamos diante do rio e ficamos a trocar pedaços de coisas subitamente importantes: a tua solidão, por exemplo. Mas depois, virando a esquina, todas as esquinas de todos os dias, esperam-me apenas as aves que ninguém sabe de onde partiram.
Vasco Gato
segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
Mãe
Mãe vem ouvir a minha cabeça a contar historias ricas, que ainda não viajei!! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! Verdadeiro, encarnado!
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar, tenho sede! Eu prometo saber viajar...
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens.
Aquelas que eu viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos as minhas e dá um nó cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a mão sobre a minha cabeça!
Quando passas a tua mão sobre a minha cabeça é tudo tão verdade.
Almada Negreiros
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