![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUk0-FevPk8O_6A7oCCHUeqL1zFUKyG5M6TdvbjhSdFdH81UhIDlze_dGNnCA-78dwMTiSUkKhTRJDcfwJOBTWStty5YFiVrRyR8QHDK7E_4h2Dp3pqUvmEzQ1YltsBFA8jNXiWN9Cs_IC/s400/Fly+Song+0061a.jpg)
Mãe vem ouvir a minha cabeça a contar historias ricas, que ainda não viajei!! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! Verdadeiro, encarnado!
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar, tenho sede! Eu prometo saber viajar...
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens.
Aquelas que eu viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos as minhas e dá um nó cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a mão sobre a minha cabeça!
Quando passas a tua mão sobre a minha cabeça é tudo tão verdade.
Almada Negreiros
Sem comentários:
Enviar um comentário