![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMXN7z5ywD4iUpa2Dq0Av0J8_v9KFj0qaF3rvlxoLA3iqEs8fVAklLHvJw4bD1PnVpvqTbM6aLZBGI7h9oa5uBQiyJWxMacq0vG_ebvQgVWxWikBfhxAAj2XtzgrMyRmy5de-NnfScU37y/s400/tumblr_lq8ocmPo2F1qaiyl9o1_500.jpg)
É tão bom começar a manhã com tudo o que queremos ser neste dia. Olhar sem medo pela janela, ensaiar uns passos fora da pele. Já não somos nós, nem mesmo é nosso o dia.Tropeçamos nos olhos espantados à volta do que vemos, precipitamo-nos para dentro e é tudo o pouco que fizemos. Dizemos que a pele é a nossa casa, enumeramos as assoalhadas, a arquitectura sólida, as vantagens de grades nas janelas. Depois fica-se triste até ao fim do dia. Há quem faça compras ou coma chocolate, quem diga mal de todos, quem não acorde a espreitar pela pele como ser outro, mas ele está a dois passos, a respiração, a temperatura, o olhar, o corpo móvel que se afasta levando o horizonte e só nos resta sonhar com a manhã seguinte e todos os dias - todos os dias - mentimos para dentro da pele.
Rosa Alice Branco