sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

E faz-se luz


Vieste sem perguntas, como quem caminha pela estrada e não pára à entrada da casa. Cortaste-me o pão aos pedacinhos, fizeste o ninho na almofada onde o meu sono dorme com as histórias que desdobras no lençol. Dei cor aos nomes com as letras devastadas, comi a fruta com os teus dedos, deitei-me entre o polegar e teu médio, entre os duendes da clareira que abriste para o dia. Cantaste a minha dor e dela fiz a manta que nos cobre. Voltei a ser o sorriso das pernas, o sopro na voz que chega onde estiveres. Agora que não há perto ou longe, ou coisa que faça mal, que tudo se toca por dentro do devir, deixo um nenúfar à porta para quem chegue com o fardo da noite. E faz-se luz com as pétalas abertas do teu nome



Rosa Alice Branco