Acordar um dia do outro lado do dia. Ter alguém à minha espera e uma certeza de caminho nos pés.
Alguém que fuja comigo para fora de mim, capaz de roubar-me às tantas voltas que dei sem nunca sair daqui.
Um corpo curto de braços e apertado no peito, uma casa onde moro e onde não mora ninguém.
Livros em cima de livros em cima de livros em cima de mim.
Alguém que me faça disto alguma coisa, que traga cheiros e palavras com sangue dentro.
Alguém que empreste só para eu poder pagar, com juros altos e impossíveis, numa dívida em que me enterre até ao Fim.
Nuno Camarneiro
(descaradamente roubado no blog dele)