domingo, 21 de dezembro de 2014

O dia mais curto



Acordámos com o céu encostado
 no ouvido, nuvens que ladravam e mordiam
 o domingo, a partir do alto das montanhas 
E aqui continuamos, agarrados a nós próprios, 
como dois miúdos que não têm para onde ir. 
Estamos presos ao sofá unicamente porque sim, 
nem tristes nem alegres, metidos no roupão 
e nos chinelos, pequenos cadeados de trazer
 por casa. O mundo, esse, vem buscar-nos 
amanhã. Bate-nos à porta, à hora do costume, 
palitando os dentes com a ponta da navalha. 





 Vítor Nogueira