terça-feira, 8 de janeiro de 2019

não te verei mais



não te verei mais
 há o mar a esvaziar
 há o céu a vestir
 o teu rosto atinge já as árvores
 e durante quinze séculos 
procurarei o teu riso 
 sob os objectos saqueados
 não te verei mais
 há a lua a recolher
 há o espaço e os outros espaços
 a abrigar nas minhas veias 
os teus joelhos deslizam sob o rio
 as tuas clavículas brilham
 sobre a pele das falésias
 não te verei mais 
há a morte a enganar 
há o planeta a morder 
com os mil dentes que me deu a ausência







 Alain Bosquet

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