segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Á beira de àgua


Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.



Eugénio de Andrade