segunda-feira, 21 de junho de 2021

soneto menor à chegada do verão






Eis como o vento
chega de súbito,
com seus potros fulvos,
seus dentes miúdos,

seus múltiplos, longos
corredores de cal,
as paredes nuas,
a luz de metal,

seu dardo mais puro
cravado na terra,
cobras que despertam
no silêncio duro

Eis como o verão
entra no poema.




Eugénio de Andrade