sábado, 8 de fevereiro de 2014

Por que esperas?


Sou o comprimido calmante.
 Actuo em casa, 
sou eficaz na repartição, 
sento-me no exame,
 apresento-me em tribunal, 
colo minuciosamente a louça partida. 
Basta que me tomes, 
que me ponhas debaixo da língua, 
que me engulas
 com um copo de água. 
 Sei o que fazer na desgraça, 
como aguentar a má notícia, 
diminuir a injustiça,
 desanuviar a falta de Deus,
 escolher o chapéu de luto a condizer. 
Por que esperas? 
Confia na piedade química. 





 Wislawa Szymborska