quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dentro de mim faz sul



eu sou a pele da flor. a maciez, o odor, a viscosidade
 morta, num assunto gasto. ando à berma da pele, escorrego
 na voz grave de uma cantoria, o que seria,
 o que seria o som mouco que subsistia lá atrás enquanto se gritava, 
se sonhava sou o fim da página, não o risco cuidado, mas a parte
 rasgada; o tempo carcomendo-me enquanto pode, 
 enquanto aqui espero por tautológicas mordiscadelas. 
gosto de olhar mesas: as que têm envelopes por sobre
 elas selos, pêlos, tudo que lembre o que foi viajar. 
 lembro o mar, o mar: 
 eu sou essa onda que retorna ao mar. 





 Ondjaki