Quando me cansar de voar ou a ferida estiver finalmente visível, promete-me que a faca será afiada e silenciosa.
Que eu não a veja chegar, como se não tivesse passado uma vida a pressenti-la nas dobras do lençol, mortalha de tantas noites.
E antes, dá-me de beber entre as mãos, conta-me de céus azuis, sem garras e sem abismos.
Espera que o meu coração de novo pequenino se aninhe no calor das tuas veias
e se torne apenas a memória de um sobressalto contra a tua pele.
Inês Dias
(Foto de Laura Makabresku)