segunda-feira, 19 de maio de 2014

Promete-me


Quando me cansar de voar ou a ferida estiver finalmente visível, promete-me que a faca será afiada e silenciosa. 
Que eu não a veja chegar, como se não tivesse passado uma vida a pressenti-la nas dobras do lençol, mortalha de tantas noites.
 E antes, dá-me de beber entre as mãos, conta-me de céus azuis, sem garras e sem abismos.
 Espera que o meu coração de novo pequenino se aninhe no calor das tuas veias
 e se torne apenas a memória de um sobressalto contra a tua pele.





 Inês Dias
 (Foto de Laura Makabresku)