terça-feira, 14 de junho de 2016




Com lento amor olhava os dispersos 
Tons da tarde. A ela comprazia 
Perder-se na complexa melodia 
Ou na curiosa vida dos versos. 
Não o rubro elemental mas os cinzentos 
Fiaram seu destino delicado, 
Feito a discriminar e exercitado 
Na vacilação e nos matizes.
 Sem se atrever a andar neste perplexo 
Labirinto, olhava lá de fora 
As formas, o tumulto e a carreira, 
Como aquela outra dama do espelho. 
Deuses que habitam para lá do rogo 
Abandonaram-na a esse tigre, o Fogo. 





 Jorge Luís Borges
 (Foto de Natalia Drepina)