sábado, 6 de maio de 2017




Os que se amaram devem ficar cegos.
 Para que os seus gestos sejam sem sentido.
 Para que os seus barcos girem sem graça nem proveito. 
Como as tempestades
cegos.

 Cegos como as bandeiras depois da vitória 
ou como as espadas que estão sempre nuas e gloriosas. 

 Que rancor pelos cegos 
 e pelas tempestades.
 E pelos que acreditam que o amor é fartura. 
Ouvi-o bem: O amor é a fome. 






Carmelina Soto
(Foto de Mariam Sitchinava)