sexta-feira, 19 de maio de 2017




Quem é esta mulher, 
 a sempre triste,
 que vive no meu coração? 
 Quis conquistá-la mas não consegui. 

 Adornei-a com grinaldas
 e cantei em seu louvor
 Por um momento
 bailou o sorriso no seu rosto, 
 mas logo se desvaneceu.

 E disse-me cheia de pena: 
 — A minha alegria não está em ti.

 Comprei-lhe argolas preciosas, 
 abanei-a
 com leques recamados de diamantes, 
 deitei-a em cama de oiro 
 Bateu as pálpebras 
 como um relâmpago de alegria
 que logo se apagou.

 E disse-me cheia de pena:
 — Não está nessas coisas a minha alegria. 

 Sentei-a num carro de triunfo, 
 e passeei-a por toda a terra. 
 Milhares de corações conquistados
 caíram humildes a seus pés, 
 e as aclamações reboaram pelo céu 
Durante um momento
 brilhou o orgulho nos seus olhos, 
 mas logo se desfez em lágrimas.

 E disse cheia de pena:
 — Não está na vitória a minha alegria 

 Perguntei-lhe:
 — Que queres então? 
 Respondeu-me:
 — Espero alguém 
 que não sei como se chama. 
 Depois calou-se.

 E passa os dias a dizer cheia de pena:
 — Quando virá o amado desconhecido?
 Quando o conhecerei para sempre? 







 Rabindranath Tagore