Não creio em retornos
mas este amargo coração de casas velhas e ruas esburacadas
late em cada regresso
sem mais aquelas
sabendo que o mundo é mau sítio para chegar
E volta-se a escrever um poema sobre uma rapariga num aeroporto
esperando um avião sabe-se lá donde
ou então escrever sobre a carta que não recebi naquele sábado
escutando a velha cassete das minhas nostalgias favoritas
ou ainda sobre os versos roubados a Salinas, Borges, Walcott
e as tardes de sol no estádio de futebol
Não acredito em regressos
mas este seco coração de outra era canta a destempo
o céu queimando o nome de uma mulher que amei
Não creio em retornos
mas sempre que parto para a tempestade do mundo
a minha vocação de viajante leva-me, como nos tempos de escuteiro,
a deixar pedrinhas e migas de pão
para não perder o caminho de regresso ao teu corpo.
Federico Díaz-Granados
(Trad Albino Matos)
Belíssimo este poema de Federico Díaz-Granados. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.