terça-feira, 23 de janeiro de 2018




Pergunto a mim próprio em que noite nos perdemos?
 que desencontro nos levou de um a outro lado das
 nossas vidas? e que caminhos evitámos para que os nossos
 passos se não voltassem a cruzar? Mas as perguntas que
 te faço, hoje, já não têm resposta. Sento-me contigo, 
 nesta mesa da memória, e partilho o prato da solidão. Tu, 
 na cadeira vazia onde te imagino, sacodes o cabelo com
 um aceno de ironia. E dou-te razão: as coisas podiam 
 ter sido de outro modo. Não te disse as palavras que
 esperaste; e havia o mar, com as suas ondas, nessa tarde
 em que me puxaste para longe da cidade, como se
 a noite não nos obrigasse a voltar, quando o horizonte
 se apagou a nossa frente. Depois disso, nenhuma
 pergunta tem resposta. O que é absurdo há-de continuar
 absurdo, como o horizonte não se voltou a abrir, 
 trazendo de volta os teus olhos que me pediam que
 os olhasse, até que a noite me impedisse de o fazer








 Nuno Júdice

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