Para que o guardasse
no cofre do peito confiaste-me
o teu coração. Mas todos
me disseram que era apenas um coração,
nada mais que um coração. De modo
que fui fraco, vil, cedi,
e deixei que mo levassem. Por trinta moedas.
Agora arrasto-me por tabernas infectas
a pagar, rodada após rodada,
copos cheios de fel aos que,
com a sua miséria solitária,
fazem companhia à minha miserável
solidão. O álcool não dilui porém
uma gota sequer da cicuta
do remorso. Pelo contrário:
só lembra, a quem quer esquecer,
que Roma não perdoa a traidores.
Luís Filipe Parrado
(Foto de Natalia Drepina)
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