quarta-feira, 14 de julho de 2021

repara em mim

 


Vi como retiraste do vaso a terra, 
e da terra as raízes da planta desconhecida. 
Depois, com a tesoura de ferro, 
cortaste o caule no ponto
 certo. Em seguida, renovaste 
a terra no vaso. 
enterraste nela de novo a planta
 que ressurgiu, surdamente,
 na manhã de primavera 
que sempre finda. 
Agora, desvia um pouco o olhar, 
repara em mim agora: vês as raízes, 
o caule dobrado, a flor, o nome?
 Por que não me cortas os braços, as mãos, 
os pés, o tronco, e espalhas tudo 
aos bocados pela terra? 
Só preciso de um pouco de água:
 em todos os lugares crescerei para ti. 







 Luís Filipe Parrado