segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma mulher


Uma mulher a cantar
de cabelo despenteado.

(Era o tempo das gaivotas
mas o mar tinha secado.)

Pelos seus braços caíam
frutos maduros de Outono,

pelas pernas escorriam
águas mornas de abandono.

(Uma criança juntava
o cabelo destrançado.)

Gaivotas não as havia
e o mar tinha secado.

Eugenio de Andrade



3 comentários:

  1. Obrigada por este poema tão tocante como quase todos os de Eugénio de Andrade.

    Um beijo

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  2. ah, esse eugénio...
    tumtumtum...

    leio e meu coração dispara, troco de pele... fico todo-emoção...

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  3. Por tudo isso ele é o meu poeta...
    Bjs Lidia e Roberto

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