sexta-feira, 1 de junho de 2012

A infância


Era a minha altura. Um livro em cima da cabeça marcava o lugar que um lápis semestralmente riscava na parede da cozinha. A única sabedoria dos ossos, crescerem como a teia sólida de um propósito e a anatomia mais transparente. Centímetro a centímetro espigava o corpo imaginário, essa contabilidade que era assim, íntima, pictórica, como uma cena burguesa. Traço a traço a parede da cozinha tornou-se rupestre, a infância uma ternura assustadora. Esta era a minha altura.
Agora sou tão mais alto e mais pequeno


Pedro Mexia