quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Também eu


O gato olha-me
ou o meu olhar olhando-o?
E eu o que vejo senão
a mesma Única solidão?
Chamo-o pelo nome,
pela oposição.
Em vão:
sou eu quem responde.
Virou-se e saltou
para o parapeito
real e perfeito,
sem nome e sem corpo.
(Também eu estou,
como ele, morto).


Manuel António Pina