segunda-feira, 31 de agosto de 2015




Uma noite, 
 quando o mundo já era muito triste, 
 veio um pássaro da chuva e entrou no teu peito, 
 e aí, como um queixume, 
 ouviu-se essa voz de dor que já era a tua voz, 
 como um metal fino, 
 uma lâmina no coração dos pássaros. 
 Agora, 
 nem o vento move as cortinas desta casa. 
 O silêncio é como uma pedra imensa, 
 encostada à garganta. 






 José Agostinho Baptista