quinta-feira, 3 de dezembro de 2015




Apegamo-nos demasiado aos homens
 essas criaturas inocentes, bidimensionais, 
à sua pele
 adesiva como teia de aranha. 
 Eu ficaria ali até não deixar nada de mim.
 Nada. 
 Até que começamos a pesar-lhes 
como se engordássemos de repente.
 Então interrogamo-nos
 o que é que aconteceu 
e quando.
 Inevitavelmente fazemo-nos
 éticas patéticas pelempenpéticas 
pesadas cabeludas pelempenpudas 
aparecem-nos cãs e rugas
 cáries estrias verrugas 
o sangue não circula. 
Exploram-nos por dentro. 
Levam-nos a pele colada às tiras 
e nas mãos algum órgão fácil de vender. 
 Na verdade não sabem o que fazem
 querem só é livrar-se da carga. 






 Miriam Reyes