Apegamo-nos demasiado aos homens
essas criaturas inocentes, bidimensionais,
à sua pele
adesiva como teia de aranha.
Eu ficaria ali até não deixar nada de mim.
Nada.
Até que começamos a pesar-lhes
como se engordássemos de repente.
Então interrogamo-nos
o que é que aconteceu
e quando.
Inevitavelmente fazemo-nos
éticas patéticas pelempenpéticas
pesadas cabeludas pelempenpudas
aparecem-nos cãs e rugas
cáries estrias verrugas
o sangue não circula.
Exploram-nos por dentro.
Levam-nos a pele colada às tiras
e nas mãos algum órgão fácil de vender.
Na verdade não sabem o que fazem
querem só é livrar-se da carga.
Miriam Reyes