Preciso amar-te por isso digo fica esta
noite, depois os dias do nosso trabalho
farão luz sobre o tempo. Tenho na cabeça
a tempestade, tantas vezes recordo aquele
corpo que não sabia do prazer que me dava,
tantas vezes acordo e o seu nome quase
me escapa dos lábios, reconheço as feridas,
os golpes todos, se lembro é porque quero
esquecer. Fica esta noite, mais outra, o
tempo que demora a cumprir a decisão de
amar-te. E vamos fazendo o curso dos dias
com algumas opiniões parecidas e ódios às
coisas culpadas. A gente que diz coisas
de silêncio, os andaimes da cidade tapando
saídas, as horas certas quando dizemos
adeus. E que sentido têm estas lágrimas?
Eu vivo neste ano e já me esqueço de mim,
apenas vou precisar amar-te, depressa.
Helder Moura Pereira