quinta-feira, 3 de novembro de 2016




A noite explode-me nas mãos 
 em lantejoulas vermelhas de vestido
 que a minha solidão usa neste quarto
 - só existo quando olhas para mim 
mas insistes em desarmar-me de olhos vendados.

 Assumimo-nos como carrascos de uma mansidão letal 
e o mundo lá fora prossegue na sua melancolia habitual 
enquanto tu consolas o meu medo com as tuas mãos milenares 

 sabendo que é por esses dedos que a noite se mata
 e a luz da manhã cega um pouco menos. 






 Leonor Castro Nunes e Marcos Foz
 (A Bifurcação dos Ossos)