A noite explode-me nas mãos
em lantejoulas vermelhas de vestido
que a minha solidão usa neste quarto
- só existo quando olhas para mim
mas insistes em desarmar-me de olhos vendados.
Assumimo-nos como carrascos de uma mansidão letal
e o mundo lá fora prossegue na sua melancolia habitual
enquanto tu consolas o meu medo com as tuas mãos milenares
sabendo que é por esses dedos que a noite se mata
e a luz da manhã cega um pouco menos.
Leonor Castro Nunes e Marcos Foz
(A Bifurcação dos Ossos)