Não diga que gosta de mim
não quero que me gostem
assim, com a mornidão das novelas de televisão
eu quero é ser adorada
com a obsessão dos cultos religiosos
quero o desespero dos homens
o choro, o joelho carcomido no asfalto
a lágrima
o escândalo dos amantes na via pública
eu quero o estrago, não menos
que o gasto
eu gosto é da paixão doída
e doida dos exagerados
enamorados patológicos
o brilho no olho do viciado
o atentado ao pudor
nem mais nem menos
que a falta de ar
que a beira da morte
Ana Farrah Baunilha