Pergunto-me o que andamos aqui a fazer
em que andamos aqui a insistir
agora que as tuas palavras já não são português
para as minhas agora que os livros
em português e outras línguas já não
são
motivo de conversas depois do jantar.
Se o teu corpo se demora num sono
incerto eu tomo os gestos de rotina
de uma casa como prolongamentos
dos teus a casa também cheia de sono
pouco viva nós pouco vivos talvez
com medo não sei talvez com medo.
De um lado para o outro que andamos
aqui a fazer? As palavras não se dizem
voam num silêncio só delas quebram
a paz falsa do teu sono do meu sono
fazem barulho no pensamento do meu
sono confundem o meu silêncio
no delas. E aí vão ter contigo tão
desfeitas e pobres no último sopro
que já só diz metade da palavra amor.
Helder Moura Pereira
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