Não há ninguém,
não há ninguém que venda
flores
nesta estrada maldita?
E este mar negro
e este céu lívido
e este vento adverso -
oh, as camélias de ontem
as camélias vermelhas risonhas
no claustro de ouro -
oh, a ilusão primaveril!
Quem me vende hoje uma flor?
Eu tenho tantas no coração:
mas presas
em ramos pesados -
mas espezinhadas -
mas murchas.
Tenho tantas que a alma
sufoca e quase morre
sob o enorme amontoado
por oferecer.
Mas no fundo do negro mar está a chave do coração -
no fundo do negro coração
pesará
até ao anoitecer
a minha inútil colheita
prisioneira -
Oh, quem me vende
uma flor - uma outra flor
nascida fora de mim
num jardim verdadeiro
que eu possa dar a quem me espera?
Não há ninguém,
não há ninguém que venda
flores
neste triste caminho?
Antonia Pozzi
(Trad. Inês Dias, Foto Anna O)
Tão bonito!! :)
ResponderEliminarVagueio pelos trilhos do teu interior.
Beijos e uma excelente tarde!
Boa noite:- Gostei muito de ler o poema. Mas a verdade é que já ninguém vende flores nos caminhos desta vida.
ResponderEliminar.
* Queria abraçar-te ... meu amor *
.
Cumprimentos poéticos.