segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

é ali




— Vais. 
Mas espera-te o mesmo. De vez em quando, abre-se uma nesga na indiferença do mundo e um freixo torna-se claro, 
uma sebe, uma ponte, um muro, a pena de uma rola, os lábios, uma palavra. Deus. É ali. E eu vou. 
Olhos abertos para a desolação de uma casa no meio de um ermo, de um vento cor de barro. De uma voz. 
E não se abria uma porta, nem se dava um passo. Só a voz tinha princípio e fim. É ali. O braço esticado à minha frente. 
E o dedo indicador, cheio de nódulos, a apontar. 
E os meus olhos. 
Que se lembram.
 Lembram-se de ver







 Rui Nunes
 (Foto de Mariam Sitchinava)

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