A infelicidade engorda mais
do que vinte tabletes
de chocolate Regina.
Mesmo partida aos quadrados
e embrulhada em prata
para disfarçar,
tem mais calorias. É um veneno,
a infelicidade. Matou uns quantos
pelo caminho e mesmo assim
tem prosseguido ao longo dos séculos
engolindo sulcos de tempo e
lamelas de comprimidos.
Infelicidade, por seres minha,
tenho-te algum respeito.
Gostava de mandar-te para. Mas
é tão longe que, temo,
sentir-me-ia sem ti só
e, pior, infeliz.
Sigo.
De braço dado contigo.
Primeiro, pelo adro fora.
Depois, pelo jardim fora.
Qual paraíso.
Não, isso não chega: sigo contigo
pelo universo; cubro
chineses, paquistaneses, neozelandeses
com o teu manto diáfano
de choro.
E é sempre contigo,
minha puta, que partilho
a bandeja das recordações;
é sempre contigo, minha puta fiel,
que digo, num sorriso minúsculo e muito tímido:
hoje o lanche é chocolates.
Come chocolates, pequena.
Porque, sabes?,
querer ser feliz não é pecado. Mas
infelizmente já passou o prazo.
Inês Fonseca Santos
Nada está fora de prazo. Adorei o teu poema :))
ResponderEliminarHoje:- Serenata, ao som da natureza encantada [Poetizando e Encantando]
Bjos
Votos de um óptimo Sábado.