Morrerei sem retratos. Nem de mim nem de ti
nem de uma ou outra mão que me tocou o ombro.
(O esforço é um revigorante da memória –
deixemos o assunto por aqui).
Morrerei sem cadastros, sem datas ou saltérios,
com que embalar as noites às crianças do bairro,
e dessas perdas a que mais me doerá
é a caligrafia do teu punho nervoso.
Miguel Martins
(Foto de Laura Makabresku)