quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015




Morrerei sem retratos. Nem de mim nem de ti
 nem de uma ou outra mão que me tocou o ombro.
 (O esforço é um revigorante da memória – 
deixemos o assunto por aqui).
 Morrerei sem cadastros, sem datas ou saltérios,
 com que embalar as noites às crianças do bairro,
 e dessas perdas a que mais me doerá 
é a caligrafia do teu punho nervoso. 





 Miguel Martins
(Foto de Laura Makabresku)