segunda-feira, 27 de abril de 2015




não desenroles tanto a noite 
em tua pele. não equipares ao corpo 
o tropel das palavras
 na toalha. não encalhes em mim 
tanta beleza. aperta
 a blusa. recolhe do meu rosto
 os teus olhares, alguma lágrima
 brilhando sobre a mesa. 
 sossega. é cedo ainda
 para o deserto trepidante 
do desejo. não julgues saber já
 que desenlaces
 o meu corpo procura
 sobre o teu. nem eu te ofereço
 o armadilhado morango 
do amor. apenas peço 
que adormeças, 
que dês lugar na cama
 ao meu fantasma. 
 coloca o coração 
numa órbita prudente. talvez não tarde
 o tempo, 
o lugar onde eu te diga 
as palavras que desligam
 os alarmes que instalei
 em toda a alma. 





 Luís Miguel Queirós