Senta-te e limpa os lábios.
Acende cada uma das lâmpadas
Dos meus olhos,
Passa a tua mão, a mais nova,
Sobre a minha testa.
Deixa-me com a noite colada às têmporas,
Crisálidas saindo pela boca
Como um deus egípcio;
Quando a manhã chegar
Mil anos de terra e esquecimento
Tornar-me-ão amante por superstição,
Aquele que por medo evocarás
Quando passeares o cão no jardim.
Antes de partires deixa o mapa,
Em rima cruzada, suspenso
Na porta do frigorífico.
O amor não é um íman.
Nunes da Rocha