É já tempo de não esperar ninguém.
Passa o amor, fugaz e silencioso
como ao longe um comboio nocturno
Não resta ninguém, é hora
de voltar
ao desolado reino do absurdo,
a sentir culpa, ao vulgar medo
de perder o que já estava perdido.
À inútil e sórdida moral.
É já hora de dar por vencido
no trabalho,
a sós, outro Inverno.
Quantos faltam ainda, e que sentido
tem esta vida onde te procurei,
se chegou já a hora tão temida
de comprovar que nunca exististe?
Joan Margarit (tradução de Vasco Gato)
(Foto de Katia Chausheva)