Não tenho paciência para ouvir os outros, não tenho paciência para viver,
não tenho paciência para morrer,
estou aqui, parada, num desequilíbrio interminável,
nunca mais acabo de cair,
irrito-me se me falam, sofro se me não dizem nada,
odeio o gesto caridoso:
a mão de alguém nos meus cabelos,
o que eu quero é uma voz que me queira,
um momento de descanso nessa voz.
Rui Nunes
(Foto de Katia Chausheva)