Porque te quero no meu sono, se iluminaste sobretudo o que não fui?
(...) Arrumar os amores, é a primeira regra da vida - saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los.
Mas ninguém nos diz como se sobrevive ao murchar de um sentimento que não murcha. (...) quando o amor nasce protegido da erosão do corpo,
apenas perfume, contorno, coreografado em redor dos arco-íris
dessa animada esperança a que chamamos alma
- porque se esfuma?
Como é que, de um dia para o outro, a tua voz deixou de me procurar,
e eu deixei que a minha vida dispensasse o espelho da tua?(...)
Em que dia me abandonaste?
Em que palavra a minha voz se partiu?
Que sombra se abriu por dentro dos teus olhos para despedaçar a minha imagem?
Foi sem querer.
Se deixei de te comover, de te divertir, de te inspirar, meu querido, foi sem querer.
(...) Foi sem querer que se calhar não fui mesmo capaz..."
Inês Pedrosa, in Fazes-me Falta