domingo, 10 de janeiro de 2016




Estás ausente. Com a tua partida sobreveio a tua ausência, foi fotografada como há pouco a tua presença. 
A tua vida afastou-se. 
Só a tua ausência fica, agora já sem nenhuma espessura, nenhuma possibilidade de nela abrir um caminho, de nela sucumbir de desejo. 
Já não estás em nenhum lugar precisamente. 
Já não és preferido. 
De ti, já não está ali nada, a não ser esta ausência flutuante, ambulante. 
Já nada acontece a não ser esta ausência afogada em remorso e tão estéril que se pode chorar por ela. 
Não te deixes invadir por este choro, por esta mágoa






 Marguerite Duras (Textos Secretos)