Diz-me palavras bonitas, diz-me que eu sou o teu barco e a tua viagem, a tua noite sobre a minha pele, o teu olhar na vertigem das mãos. o cigarro que arde no escuro dos espelhos, o pedaço de laranja que me ofereces , boca a boca.
Vejo todo o horror do mundo quando aqui não estás. torna-se difícil erguer-me, torna-se difícil entender o que dizem e porque riem. há uma tristeza negra a escorrer pelas paredes, um sono da noite que se agarra à alma. enterrando-a em territórios longínquos, sem sentido. e eu refiro as palavras que tu já conheces, como se as dissesse pela primeira vez.- um lume flutua na fala. um lume queima os teus lábios e eu choro de alegria para dentro de mim.
Al Berto (Diários)