Chove em Santander,
oiço-te ao telefone dizer que o trânsito
não te deixou apanhar o avião,
tenho o quarto de hotel todo para mim,
tenho a janela em frente do jardim,
tenho todo o fim-de-semana para mim,
tenho um ramo de tulipas encarnadas para mim,
tenho os lábios pintados de carmim,
tenho dentro do peito a impensada certeza do nosso fim,
tenho um mini-bar com garrafinhas de gin,
com pacotinhos de amendoim,
tudo tão inho, tão aí flores do verde pinho,
e chove em Santander,
avisaram que ia chover Sábado e Domingo,
seria um pleonasmo chorar.
Raquel Serejo Martins