domingo, 2 de maio de 2010

Mãe

... Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

Almada Negreiros

9 comentários:

  1. Lindo demais! A delicadeza, a sensibilidade explodindo...
    Parabéns Magnolia!

    Beijos

    PS-Fiquei felicíssima com sua visita! Volte sempre...
    Obrigada

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  2. Poema à Mãe

    No mais fundo de ti,
    eu sei que traí, mãe

    Tudo porque já não sou
    o retrato adormecido
    no fundo dos teus olhos.

    Tudo porque tu ignoras
    que há leitos onde o frio não se demora
    e noites rumorosas de águas matinais.

    Por isso, às vezes, as palavras que te digo
    são duras, mãe,
    e o nosso amor é infeliz.

    Tudo porque perdi as rosas brancas
    que apertava junto ao coração
    no retrato da moldura.

    Se soubesses como ainda amo as rosas,
    talvez não enchesses as horas de pesadelos.

    Mas tu esqueceste muita coisa;
    esqueceste que as minhas pernas cresceram,
    que todo o meu corpo cresceu,
    e até o meu coração
    ficou enorme, mãe!

    Olha — queres ouvir-me? —
    às vezes ainda sou o menino
    que adormeceu nos teus olhos;

    ainda aperto contra o coração
    rosas tão brancas
    como as que tens na moldura;

    ainda oiço a tua voz:
    Era uma vez uma princesa
    no meio de um laranjal...

    Mas — tu sabes — a noite é enorme,
    e todo o meu corpo cresceu.
    Eu saí da moldura,
    dei às aves os meus olhos a beber,

    Não me esqueci de nada, mãe.
    Guardo a tua voz dentro de mim.
    E deixo-te as rosas.

    Boa noite. Eu vou com as aves.

    Eugénio de Andrade

    Beijos para todas as mãe e para ti, Magnólia!

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  3. A mais bela e pura das verdades!!!


    Beijos
    AL

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  4. Jorge esse foi o poema que eu quase deixei por aqui...
    Gosto demasiado dele...
    Obrigada
    Beijo

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  5. Mag,
    Almada Negreiros instantaneamente (e)leva-me o pensamento a Fernando Pessoa, numa felicidade instantânea também: ligados os nomes no meu sentimento de português nascido no Brasil. Portugal, esse país que amo como um segundo útero. E o texto, adequadamente, fala de mãe...
    Sempre um prazer de irmão visitar-te, Magnólia, quanto mais encontre aqui o Jorge Pimenta, da minha mais alta admiração, e a Zélia Guardiano, tão delicada e sensível a nós, entre outros que nos fazem família blogosfera adentro...

    Ótima tarde de domingo,
    Pedro Ramúcio.

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  6. E este então, Magnólia:

    Mãe

    Mãe:
    Que desgraça na vida aconteceu,
    Que ficaste insensível e gelada?
    Que todo o teu perfil se endureceu
    Numa linha severa e desenhada?

    Como as estátuas, que são gente nossa
    Cansada de palavras e ternura,
    Assim tu me pareces no teu leito.
    Presença cinzelada em pedra dura,
    Que não tem coração dentro do peito.

    Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
    Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
    Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
    Por detrás do terror deste vazio.

    Mãe:
    Abre os olhos ao menos, diz que sim!
    Diz que me vês ainda, que me queres.
    Que és a eterna mulher entre as mulheres.
    Que nem a morte te afastou de mim!

    Miguel Torga, in 'Diário IV'

    Arrepiante, verdade?

    É imenso este Torga.

    Beijinho!

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  7. È lindo, Jorge...e confesso que não conhecia
    Obrigada
    Beijo

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