Três e meia da manhã.
É inútil procurar o candeeiro.
No estuque da insónia,
o filme recomeça.
Que fim será o fim?
Pretéritos prazeres,
cigarros consumidos
– é isto o coração:
um cinzeiro de metal?
Preferia não fumar.
Quero tanto o teu amor
que termino a odiar-me.
Quem me dera ser o Rambo,
saber sempre o que fazer ao inimigo.
Não sei por que sorrio,
quando tudo o que me resta é a magia
que me traz o Halcion: sonhar
que não existes, nem o filme,
nem o fumo, nem o frio, nem o fosco
cinzeiro de metal.
José Miguel Silva
(Foto de Mariam Sitchinava)