quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Chuva de asas


Agora escrevo pássaros.
  Não os vejo chegar, não escolho, de repente estão aí,
um bando de palavras a pousar
uma por uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas,
chuva de asas,
e eu sem pão para dar,
tão somente deixo-os vir.
Talvez seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.



Julio Cortázar