segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O teu nome


Trato de escribir en la oscuridad tu nombre
trato de escribir que te amo
trato de decir a oscuras esto
no quiero que nadie se entere
Que nadie me mire a las tres de la mañana
paseando de un lado a otro de la estancia
loca, llena de ti, enamorada, iluminado
ciega lleno de ti derramándote
Digo tu nombre con todo el silencio de la
noche, lo grita mi corazón amordazado
Repito tu nombre, vuelvo a decirlo
lo digo incansablemente y estoy
seguro que habrá de amanecer
Jaime Sabines

sábado, 25 de setembro de 2010

Gotas de Colírio


Esperas


Às vezes uma palavra bastava para que eu soubesse que virias sempre ao meu encontro mas depois chegaram imprevistas tempestades que desenharam estranhas perdições no mapa dos teus dedos e as palavras que ninguém quis silenciaram a festa do meu corpo e cobriram o teu daquele silêncio imóvel dos lençóis que se estendem sobre as casas abandonadas no fim do verão.

Alice Vieira

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Preciso

Precisava falar-te ao ouvido
De manter sobre a rodilha do silêncio
A escrita.
Precisava dos teus joelhos.
Da tua porta aberta.
Da indigência. E da fadiga.
Da tua sombra sobre a minha sombra
E da tua casa
E do chão.

Daniel Faria
E que cuidasses de mim e me fizesses um chá todas as noite antes de eu dormir e me comprasses um chocolate e soubesses sempre qual é o meu preferido e me fizesses o pequeno almoço e me carregasses os sacos das compras e fosses comigo á Fnac cheirar os livros ler poemas e ouvir musica pirosa e me escrevesses de todos os lugares mesmo daqueles onde estou contigo e não esquecesses nunca nunca as coisas que agora eu não te digo.....

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Para Que Saibas


Sei que não se parece em nada com uma carta porque não pretendo dar-te notícias ou dizer o que a vida me tem trazido: apenas quero mostrar-te que, por mais vidas que tenhas, o teu corpo não será nunca capaz de medir todo o amor que se me transpira pela parte de trás do meu silêncio.


Sérgio Xarepe

Requiem For A Dream

domingo, 19 de setembro de 2010

Palavras mordidas

a língua sobre a pele o arrepio
os teus dedos nas escadas do meu corpo
as lâminas do amor o fogo a espuma
a transbordar de ti na tua fuga
a palavra mordida entre lençóis
as cinzas de outro lume à cabeceira
da mesma esquina sempre o mesmo olhar:
nada do que era teu vou devolver

Alice Vieira

sábado, 18 de setembro de 2010

Ausências


Nomeio-te
neste estar sem te ter
a preencher ausências a ganhar distância.
Penduro o teu olhar na sombra da magnólia
que floriu no meu ventre.





Maria Aurora Carvalho Homem

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dias Assim

Como se me tivesses mordido a língua
para que me doesse o teu nome


Pedro Jordão

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Insónia

Que será da luz difusa do abajour ( Vermelho )
Se nunca mais vier a iluminar
Outras noites iguais






sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Esta noite

Talvez



Gostava que me telefonasses
marcasses encontro comigo
me passasses os dedos pelo cabelo
beijasses de leve os meus lábios
e risses dos meus olhos abertos
de espanto e de satisfação

por isso escrevi este poema
para que (talvez) o escutasses
para que (talvez) acontecesse
Luís Ene

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A sul do silêncio

Em nome do teu nome, invoco o sul do silêncio e arrimo o corpo ao vagar dos teus dedos. Depois, deixo que me invadas, poro a poro,que me cerques, me sacies e que a luz ilícita dos teus olhos me ajuste ao teu abraço.







Graça Pires

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Aguardo-te


se te cansares de mim, não me peças que chore.
deixa-me secar lentamente como
pelo tempo, mais me custará, porque mais
lento verterei a alma para a morte.
no entanto dá-me esperança de que não partirás,
aguardo-te muito quieto, muito quieto
para não atrapalhar os teus planos como quem
não quer assustar a caça. mas sou a presa,
eu sei que sou a presa. e tu podes vir reclamar-me
o couro com toda a violência, já não me importo









Valter Hugo Mãe

domingo, 5 de setembro de 2010

Dias assim



Mas há tanta solidão
que as palavras se suicidam.






Alejandra Pizarnik

sábado, 4 de setembro de 2010

Fogo Posto


Dobrou-se sobre ela puxou-lhe fogo Escancarou-lhe os olhos puxou-lhe fogo Cerziu-se-lhe no peito puxou-lhe fogo Tirou-lhe pó de cima puxou-lhe fogo Sentiu-se tão pesado puxou-lhe fogo Cobriu-a de ar; destapou-lhe a carne; mordeu.
Era fim de tarde era depressa era comprido Verteu palavras tenras até já não ter voz Chorou, soletrou-lhe o corpo membro a membro E foi no soalho a solidão de a desventrar
Tremeu tremeu puxou-lhe fogo
E ela ardeu




Manuel Cintra

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Por aí


o meu coração respirou todo o ar e segue caminho por aí pairando,
se o meu coração não quiser, não vai descer ao peito nunca mais,
nem para amar, nem para esquecer que um dia decidiu calar-se e fugir de tudo













Valter Hugo Mãe

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Silêncio



Há perguntas a que só nós mesmos podemos responder
E não existem respostas certas ou erradas
Apenas respostas
Sabemos que assim é quando ficamos calados
As perguntas à espera de respostas
E nós à espera de palavras que digam o que não conseguimos dizer




Luís Ene

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Do vazio


O passado trazemo-lo na pele e não nos bolsos do casaco por isso entende
não adianta pendurá-lo deixá-lo para trás.
perdes tempo quando foges.
perdes os passos que me cabiam nos braços para alcançares nada.
pelo meio desarrumaste-me os dedos e tudo o que escrevo sai-me trocado.
ainda há pouco desenhei uma saudade onde se escreve uma cadeira vazia.
Pedro Jordão